
Generificação multisseccional ou racialismo multissegmentário: o discurso da degenerescência e a naturalização da diferença
Author(s) -
Yuri Bataglia Espósito
Publication year - 2019
Publication title -
periódicus
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2358-0844
DOI - 10.9771/peri.v1i11.29303
Subject(s) - humanities , queer , art , sociology , gender studies
Neste artigo, investigo como os regimes de dominação interseccional produzem e naturalizam a diferenciação social através de dispositivos politico-discursivos. Articulando estudos pós-estruturalistas e queer com obras que estudam o racismo, a racialização e a colonialidade, entendo que dispositivos de subjetivação precarizante prejudicam corpos e populações, orientando-se por códigos ordenadores sociais hegemonizados pelos regimes de dominação. Trazendo obras de Michel Foucault e Anne McClintock, discorro sobre o desenvolvimento genealógico comum e a operatividade social imbricada dos dispositivos politico-discursivos racialistas, sexistas e capitalistas-coloniais, relacionando essas concepções à metodologia interseccional do feminismo negro, através do trabalho de Carla Akotirene. A teoria micropolítica também é operacionalizada, junto a obras de Paul Preciado, Jota Mombaça, Silvio Almeida e Achille Mbembe, percebendo o funcionamento politico-discursivo dos processos de subjetivação precarizante, que distribuem diferenciadamente as posições sociais. Essa exposição teórica é operacionalizada analisando o discurso da degenerescência, que perseguia diversos grupos sociais considerando-os como pertencentes a uma “raça inferior”. Concluo que a naturalização da diferença e da violência, atualizada em discursos biopolíticos durante a narrativa da degenerescência, continuou a funcionar nas estratégias políticas de diferenciação interseccional, processo que se exacerba novamente no atual período histórico de ascensão conservadora.