Geração de Trabalho e Renda em Comunidades na Amazônia: um olhar a partir das potencialidades e desafios da tecnologia social no Pará

O artigo visa discutir as potencialidades e desafios da geração de trabalho e renda a partir da tecnologia social na Amazônia, especificamente no Pará. Para tanto, realizamos a pesquisa em duas fases, a primeira consistiu no levantamento de tecnologias sociais implementadas no Pará, com a temática de renda, na base de dados da Fundação Banco do Brasil. Esse levantamento forneceu uma amostra de experiências para construção de um panorama inicial e seleção de uma tecnologia social para estudo de caso, na segunda fase da pesquisa. A abordagem teórica-conceitual posiciona-se no imbricamento entre economia solidária e tecnologia social, enquanto uma alternativa para a geração de trabalho, renda e inclusão socioprodutiva. O levantamento realizado identificou 21 tecnologias sociais com o tema de renda implementadas em 27 municípios do Pará. A maioria delas teve como proponente organizações da sociedade civil, com sede no próprio estado e foco em atividades de extrativismo e agricultura familiar. O caso expressa potencialidades da tecnologia social e da economia solidária para geração de trabalho e renda na região a partir de uma prática extrativista que sofreu forte desregulamentação na década 1990, porém também retrata desafios que requerem enfrentamento. As principais potencialidades foram: a valorização dos recursos da floresta, a ampliação das oportunidades de geração de renda e a inclusão socioprodutiva, principalmente das mulheres. Os principais desafios foram: o tensionamento dos princípios da economia solidária pela lógica de mercado no processo de comercialização, dinâmicas de desigualdades (principalmente de gênero) e ausências de políticas públicas intersetoriais e de longo prazo.