A interiorização da pandemia: potenciais impactos em populações em situação de vulnerabilidade na Amazônia

A disseminação da COVID-19 entre populações com alta vulnerabilidade social, demográfica e epidemiológica causa preocupações entre lideranças indígenas e quilombolas. A rápida interiorização da pandemia pode atingir de forma diferenciada estes grupos populacionais. O relativo isolamento em que vivem determinados grupos indígenas pode ajudar a proteger as comunidades, como no caso de São Gabriel da Cachoeira. Por sua vez, este isolamento é ameaçado pelas invasões de grileiros, madeireiros ilegais, garimpeiros e missionários, que agem como vetores do novo coronavírus.  As retrações de financiamento do Sistema Único de Saúde que vêm ocorrendo há vários anos está na origem das dificuldades para dar respostas adequadas ao atendimento dos doentes em vários locais do país, como no caso do estado do Amazonas. Para vencer a pandemia é necessário expandir os investimentos no SUS, pois se trata de evitar mortes e preservar vidas. É fundamental conduzir contínuas análises de monitoramento do espalhamento da epidemia, inclusive chamando atenção para a centralidade da participação das organizações indígenas e quilombolas nas atividades de vigilância, destacando a importância o protagonismo de organizações e lideranças devem exercer.