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MUNDIALIZAÇÃO E SOCIEDADE MUNDIAL. APONTAMENTOS PARA UMA POSIÇÃO ONTOLÓGICO-POLÍTICA DO PROBLEMA
Author(s) -
José Barata-Moura
Publication year - 2015
Publication title -
germinal
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2175-5604
DOI - 10.9771/gmed.v7i2.15170
Subject(s) - humanities , philosophy
Em um alerta de que para transformar, precisamos compreender, o autor se dispõe a trazer “apontamentos” para uma “posição ontológico-política” do problema trazido com os discursos da “mundialização” e da “sociedade mundial”. Recorda que com Marx o caminho para o transformar e compreender surge desmistificado na demanda do “enraizamento prático do pensar” e do seu “papel emancipador”, enquanto exercício “constituinte de uma humanidade esclarecida e enriquecida”. Os constructos teoréticos “mundo”, “sociedade”, “mundialização”, “sociedade mundial”, têm a ver com a “busca de inteligibilidade para o múltiplo nas totalidades em que dialeticamente in-siste”. A “denominada “globalização” – no registo dominante da sua dominação hodierna – corresponde a um fenómeno , e a um desiderato , de extensão universal de um regime determinado de organização da produção e da reprodução do viver, na base da experiência histórica do capitalismo desenvolvido, enquanto formação económica e social. Aparece e transparece como unidade que sustenta e articula toda uma multiplicidade de manifestações que se desenrolam em diferentes tabuleiros e segundo conexões intrínsecas que nem sempre são imediatamente perceptíveis, revelando – em contradição – um desejo não consumado na plenitude dos objetivos que almeja, e o fim de robustecer e expandir aquele modo estrutural e estruturante de organização, buscando por todos os meios firmá-lo e afirmá-lo como o dispositivo único e sem alternativas. O sentido da marcha desta universalização é a unipoderosa “ordem espontânea” do Mercado, em um movimento que tende não apenas a estender-se ao espaço geográfico do planeta, mas igualmente a subsumir no seu modelo a totalidade das atividades humanas. Neste paradigma, de um lado a globalização conquista novos territórios físicos e novas populações, de outro, apodera-se de novos ramos de atividade e de sectores até aqui estranhos ao exclusivo ditado do negócio. Trata-se de um processo a ser pensado. Esta globalização não é simples ressoar de revoluções ao nível das tecnologias da informação e da comunicação ou consequência de deslocada vontade de poder. Enquanto relação social, o capital tende para a universalização, e a globalização expressa este esforço na direção da mundialização da cultura: a burguesia esforça-se por civilizar, expandir o mundo conforme a própria imagem de si que criou. Mas há movimento, há mudança, há resistência, há contradições. Um quadro unipolar de dominação mundial se inclina perigosamente para o unilateralismo interventor e belicoso. É preciso a prontidão para a transformação responsável em direção a uma humanidade enriquecida e a atenção previdente contra os caminhos servidos como possibilidades exclusivas. Sem ilusões, é necessário enfrentar a natureza imperial do império, com a cautela de não tomar a tese de uma nova sociedade mundial com uma “nova subjetividade política”. A teoria é força material quando agarra as massas, se as apanha lá onde verdadeiramente se encontram, trabalham e vivem. Apesar das alterações advindas com as redes de comunicação, o alcance universal dos combates não prescinde do registo social determinado em que as lutas se travam. A unidade material do mundo acomoda conjuntos comunitários determinados. Contra a aparência de estar a constituir-se e desenvolver-se uma sociedade mundial como um ambiente total, há resistência e contradições. Recusando afundar na ficção de uma sociedade mundial, resta-nos o desafio do trabalho sério e complexo do diálogo exigente dos povos, das culturas, das soberanias para pensar estas contradições.

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