
“NA QUAL SE LHES ENSINE [...] A LER, ESCREVER, ECONTAR”: POLÍTICA LINGUÍSTICA E ESCOLA PARA ÍNDIOS NA BAHIA (1758-1834)
Author(s) -
Pedro Daniel dos Santos Souza
Publication year - 2021
Publication title -
estudos linguísticos e literários
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2176-4794
pISSN - 0102-5465
DOI - 10.9771/ell.v0i68.41946
Subject(s) - lingua franca , humanities , history , philosophy , sociology
A política de gestão das línguas na América portuguesa, expressa no Diretório dos índios , previa a proibição do uso da língua geral e das línguas próprias dos diversos grupos etnolinguísticos indígenas e, consequentemente, a adoção e o ensino da “Lingua do Principe”, nas povoações e vilas de índios erigidas na segunda metade do século XVIII. Essa política linguística e suas formas de implementação por meio escola para índios configuram-se como variáveis fundamentais para a compreensão do avanço da língua portuguesa nesses espaços. Fundamentando-se na História social da cultura escrita, este trabalho discute a atuação dos escrivães das Câmeras das vilas de índios da Bahia setecentista, quanto à obrigação de ensinar a “ler, escrever e contar aos meninos”, assim como as reconfigurações demográfico-linguísticas resultantes desse processo. Os dados discutidos abrem caminhos de interpretação sobre a construção das vilas de índios e suas implicações linguísticas, por meio do mapeamento do cumprimento das orientações do Diretório quanto à abertura de escolas públicas e à sua abrangência, ou seja, até que ponto estavam ou não generalizadas, o papel que desempenharam na eliminação de línguas e culturas e se cumpriram o objetivo de ensinar a ler e a escrever.