
DA REPRESENTAÇÃO FICCIONAL À TEXTUALIDADE COEXTENSIVA: O CASO DE MACHADO, DE SILVIANO SANTIAGO | FROM FICTIONAL REPRESENTATION TO COEXTENSIVE TEXTUALITY: THE CASE OF MACHADO, BY SILVIANO SANTIAGO
Author(s) -
Igor Ximenes Graciano
Publication year - 2019
Publication title -
estudos linguísticos e literários
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2176-4794
pISSN - 0102-5465
DOI - 10.9771/ell.v0i62.28339
Subject(s) - humanities , art
Parte da produção romanesca contemporânea desafia alguns pressupostos protocolares do gênero conforme sua configuração na modernidade. Um recurso recorrente dessa produção é o investimento no documental e no biográfico como instâncias discursivas que relativizam a autonomia do universo romanesco, normalmente recebido como a face ficcional do real e da experiência. Em Machado , Silviano Santiago mais uma vez explora os limites do gênero, a ponto de conceber um romance que pode ser caracterizado como não romanesco, em parte porque o empenho autoral não está em representar mundos ou indivíduos sob a cláusula do “como se”. O narrador, ao assumir a dicção do ensaio e da crônica histórica, estabelece uma textualidade coextensiva às cartas, documentos, artigos jornalísticos e imagens de que se vale para compor o cenário do Rio de Janeiro nos três últimos anos da existência de Machado de Assis. Não havendo empenho para uma representação de si e do outro como uma segunda natureza – ficcional – de Santiago e do escritor carioca, a prosa de Machado promove sobretudo uma reverberação da vida privada e social pelo exercício especulativo da escrita.