
Implicações psicológicas da pobreza na vida do povo latinoamericano
Author(s) -
ElÃvia Camurça Cidade,
James Ferreira Moura,
Verà ́nica Morais Ximenes
Publication year - 2017
Publication title -
psicologia argumento/psicologia argumento
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1980-5942
pISSN - 0103-7013
DOI - 10.7213/psicol.argum.5886
Subject(s) - psychology , sociology , philosophy , humanities
O presente artigo tem como objetivo apresentar as reflexões empreendidas sobre a emergência da categoria pobreza e suas possibilidades de diálogo com a Psicologia tomando como cenário a realidade latino-americana e brasileira. Para tanto, parte-se da discussão da pobreza a partir de um enfoque multidimensional, que coloca em evidência a impossibilidade de que este fenômeno seja capturado somente a partir de questões monetárias. Ao contrário, coloca-se em pauta a necessidade de seja pensada a realidade psíquica, simbólica e política vivida por sujeitos nessas condições. A pobreza, uma das manifestações do processo de marginalização ao qual foi submetido o povo latino-americano, contribui para o desenvolvimento de formas singulares de estruturação do psiquismo. Apesar da pobreza e da realidade social da América Latina constituírem de forma singular o psiquismo humano, este sujeito deve ser compreendido como potencial e em expansão, não anulando sua capacidade de enfrentar e de transformar uma realidade social opressora. Neste estudo de natureza bibliográfica, são, portanto, apresentadas categorias psicológicas emergentes em condições de pobreza, tais como a Ideologia de Submissão e de Resignação (Góis, 2008), a Cultura da Pobreza (Martín-Baró, 1998), a Cultura do Silêncio (Freire, 1980) e a Síndrome Fatalista (Martín-Baró, 1998), demonstrando a capacidade do indivíduo de (re)agir diante de condições de vida que lhes são dolorosas. Por conseguinte, a observação dessas categorias contribui para enfatizar a possível e necessária implicação da psicologia com os sujeitos que se encontram em condições de opressão, desnaturalizando concepções e anunciando compreensões a partir do ponto de vista dos sujeitos.