Pe. Cícero Romão Batista: por uma mística sertaneja do Cariri

Este texto procura refletir sobre o que é a mística, buscando ampliar o foco da discussão de maneira a incluir neste âmbito expressões populares da fé, sem, ao mesmo tempo, alargar-lhe extremadamente as fronteiras. Assim, toma como referência a vida de Padre Cícero e tenta identificar nela aspectos que possam apontar para uma mística presente em sua história e vivências religiosas. Para isto, parte de uma discussão sobre o que é a mística. Em seguida, apresenta situações da vida do Padre Cícero que apontam para uma mística por ele vivida. Uma “mística de olhos abertos” e do “serviço” que se constrói em relação com os sertanejos de sua época, que habitavam a região do Cariri cearense. Sujeitos marcados por sua geografia, história, cultura e problemáticas; sujeitos que por meio de suas vidas e peregrinações, por suas pegadas deixadas nas terras por onde caminharam narram sua experiência silenciosa do Mistério Sagrado. Por fim, este artigo proporá, a partir da experiência inaugurada por Cícero Romão Batista, pautado em tradição que lhe é anterior, uma mística específica que é partilhada e vivida por inúmeros e anônimos romeiros em sua simplicidade, devoção e experiência de fé. Visa-se, assim, defender a ideia de que há uma experiência singular do Real que perpassa a experiência do Cariri cearense, apontando para a possibilidade de constituição de uma “mística sertaneja do Cariri”.