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A teoria do esforço de Maine de Biran como contraposição à impossibilidade da cientificidade da psicologia em Kant
Author(s) -
A. R. Oliveira
Publication year - 2021
Publication title -
revista de filosofia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1980-5934
pISSN - 0104-4443
DOI - 10.7213/1980-5934.33.059.ao03
Subject(s) - philosophy , humanities
Este artigo propõe demonstrar uma contraproposta oriunda da filosofia de Maine de Biran à posição de Kant quanto à impossibilidade da cientificidade da psicologia. Para fundamentarmos essa tese, estabeleceremos uma interlocução com a filosofia de Maine de Biran, em especial sobre a sua ideia do “esforço, fato primitivo”, que nada mais é do que a apercepção interna imediata de si; um sentimento íntimo de nossa existência. Apresentaremos como é a partir da interpretação da possibilidade do existir, oriunda do cogito cartesiano, que Kant justifica o perigo da conversão do sujeito lógico e de seus predicados em substância (conforme é destacado por ele nos Paralogismos). Kant entende que Descartes substancializa o “eu penso”, que constitui e unifica todas as nossas representações. Todavia, demonstraremos neste trabalho, fundamentados pela filosofia de Maine de Biran, que o erro de Descartes foi o de equiparar o “eu” da consciência de si com à alma substância. Descartes não distingue o eu da alma, ou seja, o eu que pensa da alma como simples capacidade de pensar. Consequentemente, ao situar uma substância ao nível da experiência, Descartes acaba por promover uma confusão quanto às duas maneiras de existir: uma existência em si e outra existência para si, visto que elas não encerrariam o mesmo ser. Confirmada essa questão, mostraremos que o eu do esforço biraniano é capaz de propiciar a consciência de si para si. Realizada tal tarefa, corroboraremos que a posição tomada por Kant diante das formas do existir é o que lhe impossibilita captar a experiência interna do esforço em sua originalidade irredutível, substituindo o ato do eu, inseparável da afirmação de uma existência externa, pela substância pensante, e disso decorre a impossibilidade de o filosofo alemão pensar a psicologia como ciência da alma, diferindo-a das ciências naturais, fato que o coíbe de elaborar uma doutrina do sentido interno, algo que, demonstraremos aqui, Maine de Biran faz com excelência.

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