A POPULARIZAÇÃO DO CELULAR E AS NOVAS PRÁTICAS SOCIAIS

A posse e a utilização de dispositivos digitais, sobretudo do celular, por um número cada vez maior de moçambicanos constitui-se numa alternativa à mídia tradicional hegemônica. Através desses meios, os indivíduos têm acesso a informações de seu interesse, podem expor seus pontos de vista, e, ao mesmo tempo, têm a possibilidade de veicular suas próprias versões sobre os acontecimentos. Este artigo discute o fenômeno da popularização do celular em Moçambique e analisa as reconfigurações das práticas sociais contemporâneas e sua contribuição para a constituição de novo sujeito social. Nesse cenário, interessa-nos compreender como a apropriação desses dispositivos digitais altera a dinâmica do relacionamento interpessoal e o ritmo de vida das pessoas, sobretudo, das comunidades rurais e periféricas. Esta discussão tem como fundamentação teórica os postulados de Eugênio Trivinho (2007) e Willes Geaquinto (2002) que dissecam, respectivamente, sobre a reconfiguração social e a necessidade de participação efetiva dos cidadãos nesses processos em vista à sua emancipação na definição dos destinos comuns.