Etnoconhecimento e ofidismo na comunidade Rolim de Moura do Guaporé, Alta Floresta do Oeste, Sudoeste da Amazônia brasileira

A relação entre sociedade e natureza e todos os componentes nela existentes é primitiva, assim como a utilização que o mesmo faz dos recursos naturais disponíveis. Nesse contexto, é importante conhecer a cultura dos povos sobre os grupos animais, para o auxiliar em medidas de educação ambiental e conservação das espécies. O objetivo deste trabalho consistiu em verificar o conhecimento empírico e os casos de ofidismo ocorrentes no distrito de Rolim de Moura do Guaporé, município de Alta Floresta do Oeste, RO, bem como analisar a relação desta comunidade para com as serpentes. Foram aplicados 29 questionários em pessoas moradoras do distrito, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos e que permitiram a aplicação da pesquisa. A taxa dos encontros dos moradores com serpentes foi considerada “muito frequente”, com cerca de 96% das pessoas afirmando avistar estes animais pelo menos uma vez na semana. Além disso, citam Bothrops atrox e Boa constrictor como as serpentes mais frequentes no entorno da comunidade. Em caso de encontro com serpentes, 72% dos entrevistados disseram não matar o animal caso este não seja potencialmente peçonhento. No entanto, os modos de identificação usados pela população são bastante limitados e baseados em aspectos morfológicos que não são válidos, como formato da cabeça e da cauda. Os resultados demonstraram que os moradores mantêm uma relação de respeito com as serpentes, entendendo que apesar dos desafios dessa convivência, elas apresentam um importante papel chave no equilíbrio ecológico e que sua preservação beneficia toda a comunidade.