
Manoel de Barros - A paisagem e a linguagem
Author(s) -
Dóris Helena Soares da Silva Giacomolli,
Antônio Carlos Mousquer
Publication year - 2017
Publication title -
literatura e autoritarismo
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1679-849X
DOI - 10.5902/1679849x29804
Subject(s) - humanities , art
Nesta leitura da obra de Manoel de Barros, onde se sobressai a paisagem do pantanal mato-grossense, tentaremos identificar a relação que existe em seu trabalho, e sua apreensão dessa paisagem por uma nova combinação de palavras e figuras de linguagem. num intentar não somente de representar o sujeito-lírico interior, mas que o percebe, por fim, derramar-se na paisagem; “liquefazejar-se”, num trabalho poético que é mais a fixação de uma nova imagem do que o poeta vê que propriamente uma descrição dessa paisagem. Realçaremos, especialmente, o diálogo dos seus textos com as palavras, buscando conhecer alguns recursos utilizados pelo autor no seu fazer poético, no qual os objetos e seres rasteiros ao derredor “animizam-se.” O poeta desliza sobre as palavras, como as lesmas sobre seu líquido que, ao moverem-se, vão abandonando sob o corpo parte desse líquido, diminuindo, assim, o atrito por onde passam. Assim o faz o poeta Manoel de Barros: transforma o universo cotidiano em palavras, o lugar-comum em poesia e nesse espalhar-se, sossega das atribulações; espraia-se e projeta-se enquanto subjetividade lírica.