
Considerações sobre o realismo animista a partir da leitura do conto A morte do velho Kipacaça, de Boaventura Cardoso.
Author(s) -
Eni Alves Rodrigues
Publication year - 2018
Publication title -
cadernos cespuc de pesquisa. série ensaios
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2358-3231
pISSN - 1516-4020
DOI - 10.5752/p.2358-3231.n32p28-34
Subject(s) - humanities , art
As narrativas literárias que integram as literaturas africanas de língua portuguesa trazem, comumente, o contexto histórico e social em que estão inseridas. Nelas, podem-se ver fortes traços de culturas e tradições africanas. Uma das particularidades das literaturas africanas é a forma de considerar a realidade, a morte e a temporalidade. Na busca de aporte teórico que melhor compreenda essas particularidades, tem-se discutido o conceito de “animismo”, conceito que reivindica uma reflexão sobre a realidade encenada na enunciação literária africana, de modo particular e original. Nesse sentido, este artigo procura refletir sobre o realismo animista – conceito utilizado por Pepetela (1989) e teorizado por Garuba (2003 e 2014) e Saraiva (2007) e sobre a sua adoção na análise de narrativas africanas. Pretende-se construir o percurso do conceito de animismo, discutindo, sobretudo, sua relação com o insólito, para, em seguida, discutir o conceito de realismo animista. A discussão do conceito se fortalecerá com estratégias literárias presentes no conto A morte do velho Kipacaça, do angolano Boaventura Cardoso, onde a linearidade de tempo e a finitude da vida assumem outras interpretações. Espera-se discutir como o conto encena uma postura diante da realidade africana, como ressignifica a forma narrativa e quais estratégias literárias são adotadas pelo escritor.Palavras-chave: Realismo animista. Literaturas africanas de língua portuguesa. Literatura angolana. Boaventura Cardoso. A morte do velho Kipacaça.