
DA PISTA E DO QUARTO DE DESPEJO AO TELEMARKETING
Author(s) -
Flávio Malta Fleury,
Renata Queiroz Dutra
Publication year - 2021
Publication title -
revista da faculdade mineira de direito
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2318-7999
pISSN - 1808-9429
DOI - 10.5752/p.2318-7999.2021v24n47p298-326
Subject(s) - humanities , sociology , art
Partindo de pesquisas empíricas anteriores desenvolvidas pelas autoras deste artigo sobre os processos de precarização das condições de trabalho e vida de trabalhadoras informais e terceirizadas (dos setores de limpeza e teleatendimento), este texto pretende problematizar em que medida as estruturas sociais, econômicas e jurídicas, pautadas em perspectivas classistas, racistas, patriarcais e cisheteronormativas, apresentam-se concretamente como limitantes dos trânsitos possíveis para mulheres cisgênero negras no mundo do trabalho brasileiro (encerrando parte importante delas entre o emprego doméstico, os serviços terceirizados de limpeza e as operações do telemarketing) e para as travestis e as mulheres transexuais (restritas muitas vezes à prostituição e às operações de telemarketing). Escolhemos abordar, especificamente, o fenômeno jurídico da terceirização, sobretudo em suas imbricações com o trabalho de cuidado, para além dos caracteres da reestruturação produtiva capitalista pós-fordista. A terceirização é revista como categoria jurídica fronteiriça e complexa, que se vale de processos de marginalização, invisibilização e desumanização para estabelecer uma regulação do trabalho em perspectiva relacional e mimética aos trabalhos que eram até antes naturalizados em relação a essas sujeitas subalternas no âmbito da informalidade, reforçando e reificando lugares sociais compreendidos como possíveis para elas.