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A Governança Global do Desenvolvimento e a Despolitização do Land Grabbing: “there is no alternative”?
Author(s) -
Daniel Maurício de Aragão,
Tiago Santos
Publication year - 2018
Publication title -
estudos internacionais
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.112
H-Index - 2
ISSN - 2317-773X
DOI - 10.5752/p.2317-773x.2017v5n2p57
Subject(s) - political science , humanities , philosophy
Os investimentos estrangeiros em terras em todo o mundo, particularmente no Sul Global, estão associados ao conceito de land grabbing e sua análise passa ao mesmo tempo pelo viés estratégico da apropriação de bens que interessam às forças capitalistas, mas também permeia a forma como as organizações internacionais têm contribuído para legitimar essas práticas, com a consequência de danos às populações rurais pobres dos países em desenvolvimento, de concentração de terras, de insegurança alimentar, do aprofundamento da dependência econômica e de massivas violações de direitos humanos das populações do campo. Essa agenda encontra-se inserida dentro de um marco mais amplo de conversão neoliberal das organizações internacionais, de suas agências e fundos e de um consequente esvaziamento de alternativas como forma de despolitização mesma da questão. O tratamento recebido pelo tema na agenda de organizações como o Banco Mundial, a FAO e o FIDA desde 2008, no entanto, tende a enxergar esses investimentos como “oportunidades” ao desenvolvimento rural, desde que minimizados certos “riscos” inerentes aos acordos. Centrada em soluções pontuais às problemáticas envolvendo os investimentos de larga escala em terras, essa abordagem parte do pressuposto de que tais investimentos constituem um movimento inevitável e irreversível, justificado pelas tendências da economia global, a crescente demanda asiática por alimentos, biocombustíveis e em face das mudanças climáticas. Ao evidenciar a estratégia de despolitização inerente ao próprio caráter da governança global do desenvolvimento nas últimas décadas, o artigo volta-se para a politização da agenda, resgatando críticas e debatendo conceitos e leituras que permitam confrontar o discurso de que não há alternativa.

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