
Os “selvagens bruxos” do Araguaia Paraense: Representações discursivas missionárias na Revista Cayapós e Carajás
Author(s) -
Idelma Santiago da Silva,
Milton Pereira Lima
Publication year - 2021
Publication title -
cadernos de história
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2237-8871
pISSN - 1679-5636
DOI - 10.5752/p.2237-8871.2021v22n36p44-60
Subject(s) - humanities , political science , art
Este artigo versa sobre as representações discursivas dos missionários dominicanos em relação aos indígenas do Araguaia Paraense, tendo como fonte a Revista Cayapós e Carajás (RCC), editada entre 1922 e 1933. O ponto de partida são os enunciados dos missionários representados como acusações de que os indígenas seriam “selvagens” e praticantes de “bruxarias e curandeirismo”. Todavia, essas nomeações, classificações e rótulos colaboravam com a ação pacificadora, clerical e leiga, que pretendia convencer que o batismo apagaria as práticas “do feitiço e do feiticeiro”; e a catequese transfiguraria o indígena em “cidadão/cristão”. A eliminação do paganismo dos Cayapós e Carajás, englobando também outros grupos, deveria, em última instância, resultar na “conversão” dos indígenas aos costumes ocidentais. O funcionamento discursivo desenrolava-se no combate a autoridade dos “velhos”, “velhas” e “pajés”, a fim de quebrar sua hierarquia e influência social. A análise discursiva sobre a materialidade da documentação, antecedida da metodologia de tematização e classificação de “recortes” do periódico, orientou-se nas formulações teóricas de Bakhtin (1997; 2006) e Orlandi (1990), entre outros, para dimensionar os “signos ideológicos” e “praticas divisoras”, articulados dentro de um dado campo cultural.