
Vida e morte sujam a urbe moralizada: latidos, mugidos, higienismo e os jornais diamantinenses (virada dos séculos XIX/XX)
Author(s) -
Gustavo Leandro “Nassar” Gouvea Lopes
Publication year - 2017
Publication title -
cadernos de história
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2237-8871
pISSN - 1679-5636
DOI - 10.5752/p.2237-8871.2017v18n28p74
Subject(s) - humanities , philosophy
Analiso aqui qual intervenção o higienismo, advogado pela imprensa diamantinense da virada dos séculos XIX/XX, implicava a presença de animais não-humanos nessa cidade mineira. Um possível paradoxo se revela. Se de um lado, antevendo-se essa vida animal como imunda, o higienismo propunha torná-la alvo de práticas proscritivas até o limite do extermínio, de outro, a negativa higienista frente ao sangue derramado na cidade tendia a condenar essa matança, aparentemente redimindo moralmente essa vida. Qual denominador comum justifica esse impasse que condena ambos princípios da vida animal e da morte na cidade? Ciente de que seres humanos (mediante a prominência da imprensa) constroem suas relações amarrados às teias de significados que eles mesmos teceram, analiso o substrato comum a essas representações, aproximando-me das abordagens da Nova História Cultural. Tal foco, todavia, não deve prescindir de uma análise contextual das relações humananimais ontológicas, voltada à concretude dos animais não-humanos, a partir das suas intermediações materiais com seres humanos – empreendendo-se um trânsito crítico entre tais dimensões analíticas.