
Uma reflexão acerca da tese gauchetiana da saída da religião
Author(s) -
José Álvaro Campos Vieira
Publication year - 2017
Publication title -
interações
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1983-2478
pISSN - 1809-8479
DOI - 10.5752/p.1983-2478.2017v12n21p94
Subject(s) - philosophy , humanities
No presente artigo procuramos refletir e problematizar a tese de Marcel Gauchet alusiva à saída da religião . No primeiro momento discorremos acerca da concepção gauchetiana de religião. Na obra do filósofo o termo religião remonta às sociedades primitivas. Nessas sociedades a coesão social advém de um poder absoluto e heterônomo. A essência da religião caracteriza-se, assim, pelo máximo da heteronomia. No segundo momento examinamos o significado da máxima saída da religião . Segundo Gauchet, a saída da religião ocorre quando a heteronomia dá lugar à autonomia no desenvolvimento das sociedades humanas, ou seja, quando a religião abandona o lugar que ocupava em seus primórdios. A era da religião findou, contudo o religioso não desaparecerá. A religião subsistirá no âmbito individual. No terceiro e último momento do artigo problematizamos o teor da tese de Gauchet a partir da leitura de alguns autores acerca de religião na contemporaneidade e da realidade sociorreligiosa brasileira. Indagamos que a religião não pode ser pensada unicamente a partir do vínculo com a política. Ela interage, também, com outros elementos da vida humana, como a cultura. E quando a religião é ainda um componente cultural vigoroso, a tese saída da religião se envolve de ambiguidade.