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Responsabilização, meritocracia e desfiliação social no Brasil
Author(s) -
Audrei Rodrigo da Conceição Pizolati,
Alexandre Luz Alves
Publication year - 2021
Publication title -
eccos revista científica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1983-9278
pISSN - 1517-1949
DOI - 10.5585/eccos.n58.11137
Subject(s) - agora , humanities , manifesto , sociology , political science , philosophy , computer science , law , programming language
O artigo investiga as razões para a mudança de ênfase nas propostas pedagógicas brasileiras em dois momentos históricos: entre os anos 1920 e 1930 e entre os anos 1990 e 2010. Com esse objetivo em vista, procede-se à análise de fontes como a I Conferência Nacional de Educação (1927), o Manifesto dos Pioneiros (1932) e, para o período contemporâneo, leis e decretos nacionais (1996-2018). No primeiro contexto, foi possível verificar que o debate entre os saberes biológicos e os sociológicos em busca de legitimação encontra na área de educação seu principal palco de disputa. No passado, intelectuais influenciados pela eugenia recorreram à biologia como forma de modernizar o país por meio da educação eugênica e da exclusão dos indivíduos “indesejados”. Nas últimas décadas, observa-se um retorno desse tipo de discurso de fundo biológico, mas agora a exclusão biossocial de sujeitos apela não mais à ideologia da nação, mas à sacralização neoliberal da “meritocracia”. Da comparação entre os dois contextos, conclui-se que a mudança de ênfase nas propostas pedagógicas que antes primavam pelo social, agora visa a formação individualizante do “neossujeito” flexível e responsável por si mesmo. O sucesso e insucesso escolar passam a ser vistos unicamente como dependentes da capacidade do indivíduo de gerenciar sua própria vida e não como resultado de problemas estruturais da sociedade, o que tem conduzido a um processo de crescente desfiliação social.   

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