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filosofias sapatão: construções decoloniais a partir do não-lugar
Author(s) -
Martina Davidson
Publication year - 2021
Language(s) - Portuguese
DOI - 10.54871/cl4c108a
Subject(s) - humanities , philosophy
A decolonialidade (falar do Sul para o Sul) trata-se, dentre tanto, da reivindicação/desinvisibilização de um não-lugar criado por processos normativos tidos como inevitáveis e naturalizados, tais como a cis-heteronormatividade. Interpretando a cisheteronorma enquanto instituição e regime, pode-se entender as experiências lésbicas enquanto práticas decolonizadoras. Se há algo que pode-se deduzir diante da colonialidade enquanto eixo de poder, é a necessidade da reivindicação dos não-lugares criados pela determinação de ideologias, instituições e regimes que ditam, de forma hegemônica aquilo que é tido enquanto normal e ideal. O não-lugar lésbico pode ser interpretado, através de uma leitura de Wittig, a partir das categorias heterossexuais de sexo e/ou gênero e como elas submetem as lésbicas à uma dupla acusação: as lésbicas não são mulheres o suficiente, mas, ao mesmo tempo, não são homens (já que não possuem falo e, portanto, poder). O que pretende este ensaio é fazer, a partir do não-lugar agora lugar, uma tradução que os corpo e existências lésbicas já fazem. Frente à isso, como as sapatão se articulam enquanto existências filosóficas? Uma das respostas possíveis a essa indagação é a de pensar nas existências, no processo de nomear, relacionar, entre tantos, enquanto formas válidas de realização de leituras sobre o mundo real. A partir do Sul, da militância e da decolonialidade as existências lésbicas não academicistas podem construir as filosofias sapatão, que desafiam toda a estrutura colonial da cisheteronorma.