
Um debate sobre a natureza dos primitivos de percepção da fala
Author(s) -
Gustavo Nishida
Publication year - 2015
Publication title -
revista letras
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2236-0999
pISSN - 0100-0888
DOI - 10.5380/rel.v91i0.37694
Subject(s) - philosophy , humanities , psychology , linguistics
O objetivo deste trabalho é apresentar um “debate” ocorrido entre John Ohala e Carol Fowler em 1996 no qual discutiam qual é a natureza da percepção da fala. Sua apresentação é importante, pois há um hiato com relação às discussões sobre a natureza da percepção de fala. O problema é colocado na década de 50 (com os achados de Liberman e colegas nos Laboratórios Haskins) e somente é retomado em 1996 com esse “debate”.A análise dessa troca de textos mostra que os primitivos perceptuais seguem as propostas de primitivos de análise das teorias fonológicas, uma vez que no Estruturalismo acreditava-se numa concepção auditiva (acústica) sobre a percepção, enquanto ela passa a ser de natureza abstrata e mental no Gerativismo e real e ecológica no arcabouço dinâmico.É sobre esse panorama histórica que o debate entre Ohala e Fowler ilustra de maneira pontual que não há consenso entre os pesquisadores sobre a natureza da percepção da fala. A nossa proposta é a de que esse fato existe porque cada um dos debatedores se situa em um recorte epistemológico que, por sua vez, considera fenômenos distintos como relevantes para sustentar cada uma de suas propostas teóricas, a saber: enquanto Ohala sustenta seus argumentos com base em evidências fonológicas de natureza acústica, Fowler salienta os aspectos articulatórios presentes na percepção e produção da fala.Por fim, ao avaliar as premissas da Teoria Motora da Percepção da Fala (Liberman & Mattingly, 1985), tentamos “esboçar” quais seriam as suas respostas ao debate. Seguindo as bases da Fonologia Gerativa Padrão (Chomsky & Halle, 1968) e da Modularidade da Mente (Fodor, 1983), seus questionamentos sugerem pontos distintos de discussão e de interesse. Trata-se, então, em um exemplo hipotético sobre como as teorias constroem seus objetos de maneira distinta.