
O Partido Democrático Paranaense de 1927 a 1930: um estudo dos capitais familiares e sociais de seus dirigentes
Author(s) -
Natália Cristina Granato
Publication year - 2018
Publication title -
revista nep
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2447-5548
DOI - 10.5380/nep.v4i1.60211
Subject(s) - political science , humanities , art
Este trabalho objetiva mapear um perfil genealógico e social dos dirigentes do Partido Democrático no Paraná. Tal agremiação surgiu no estado de São Paulo e posteriormente se espalhou por outros estados da federação no contexto da Primeira República ou “República Velha” (1889-1930). Este período ficou marcado pelo domínio político e econômico exclusivo de oligarquias dominantes nos estados, impossibilitando a participação democrática de amplos setores da sociedade. Em tal contexto, verificam-se lógicas regionalistas e privatistas no jogo político, o predomínio do familismo, das fraudes eleitorais e das restrições do direito ao voto para a maioria da população brasileira. No presente trabalho, nos deteremos na análise da seção do estado do Paraná, fundada em janeiro de 1927. Tal organização fazia parte de um plantel de movimentos sociais antioligárquicos que se intensificaram nos anos 1920, caracterizados pela incrementação da urbanização e da industrialização, que traziam as inquietações se segmentos sociais como os operários, os comerciários, os profissionais liberais, entre outros. Estes agrupamentos sociais se organizaram em sindicatos, partidos e outras organizações de protesto social para lutar contra o sistema político e social oligárquico. O protesto militar do Tenentismo contra as oligarquias também possuiu atuação significativa. Nesse contexto, o Partido Democrático surgiu como uma dissidência dos grupos estaduais oligárquicos hegemônicos, que se auto intitulava como uma organização que defendia os interesses de amplos setores sociais, clamando em prol dos anseios da indústria, do comércio, da classe média e da classe trabalhadora. Para a discussão crítica que indaga as possíveis rupturas que tal organização preconizava para as práticas políticas locais, temos como referência os estudos de Ricardo Costa de Oliveira no que se refere à questão da reprodução do poder das famílias na política paranaense ao longo dos séculos e de Pierre Bourdieu a respeito dos “capitais” nos quais os agentes são portadores que determinam sua posição no “campo” político. Concentraremos nossas atenções na análise dos atributos e heranças sociais destes agentes, estabelecendo relações com suas práticas no “jogo político” no qual os mesmos estavam inseridos. Assim, confrontaremos os ideais do partido com as suas práticas reais, averiguando quais eram as famílias que seus dirigentes pertenciam e que interesses representavam, identificando as classes e frações de classe de pertencimento dos mesmos. Também nos debruçaremos sobre a atuação destes dirigentes e seus grupos familiares na Revolução de 1930, verificando se tal acontecimento político potencializou os capitais destas oligarquias não-hegemônicas que estavam insatisfeitas com o jogo político característico da República Velha. Para tal análise, verificaremos as ocorrências dos nomes e dos troncos familiares em que os dirigentes pertenciam na obra “Genealogia Paranaense”, de Francisco Negrão. Também coletaremos variáveis biográficas como nome, filiação, local de nascimento, cargos políticos ocupados, profissão e partido político de origem dos agentes que faziam parte da direção do Partido Democrático Paranaense.