
A noção de uma cultura latino-americana da antropologia norte- -americana e os estudos de família: uma conspiração contra a diversidade?
Author(s) -
David Robichaux
Publication year - 2009
Publication title -
história
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2447-8261
pISSN - 0100-6932
DOI - 10.5380/his.v51i0.19984
Subject(s) - humanities , philosophy
Neste trabalho examina-se o surgimento da noção de uma cultura latino--americana na antropologia norte-americana e como sua aplicação serviupara ocultar a diversidade de sistemas familiares do continente. Paraabordar o tema, primeiro me referirei aos antecedentes do conceito deculturas nacionais na antropologia de Franz Boas, a figura mais relevantena profissionalização da disciplina nos Estados Unidos e proponente douso do termo “cultura” para explicar as diferenças humanas. Em seguida,analisarei o papel da obra de Robert Redfield e suas perspectivas quantoà aculturação na transformação da antropologia de uma disciplina que selimitava a abarcar pequenos grupos humanos, relativamente homogêneose frequentemente descritos como “primitivos”, para passar a abordar sociedades complexas. Tratarei brevemente de como a antropologia ea noção de cultura foram utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial,favorecendo, assim, as visões de culturas nacionais. Depois passarei aanalisar como ocorreu a continuidade dessa tendência durante a GuerraFria, propiciando o desenvolvimento do conceito de uma cultura latino--americana com variantes nacionais específicas. Finalmente, a partir dealguns exemplos, farei uma crítica dessas tendências homogeneizadoras,ao mesmo tempo em que destaco a presença de sistemas familiaresdistintos daqueles propostos pelos modelos hegemônicos culturalistas.Concluo com algumas reflexões sobre os problemas de um conceito decultura desse tipo, indicando que tem havido um interesse desmedidono discurso e menos nas práticas, o que tem impedido o reconhecimentoe as explicações de práticas divergentes das supostas culturas nacionaisda América Latina.