
CIPAIOS DA ÍNDIA OU SOLDADOS DA TERRA? DILEMAS DA NATURALIZAÇÃO DO EXÉRCITO PORTUGUÊS EM MOÇAMBIQUE NO SÉCULO XVIII
Author(s) -
Eugénia Rodrigues
Publication year - 2006
Publication title -
história
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2447-8261
pISSN - 0100-6932
DOI - 10.5380/his.v45i0.7945
Subject(s) - humanities , political science , philosophy
No século XVIII, os portugueses deparavam com dificuldades crescentes para preencher o regimento de infantaria de Moçambique. Não só a colónia americana do Brasil atraía a maior parte dos que saíam de Portugal, como a elevada mortalidade verificada na costa oriental africana contradizia qualquer esforço de completar o exército com einóis. Desenvolvendo um discurso sobre a inadequação dos soldados europeus ao meio moçambicano, a administração da colónia tentou encontrar alternativas no quadro do Índico. Durante a segunda metadeda centúria, o debate e as soluções ensaiadas centraram-se no recurso aos cipaios importados da Índia ou aos soldados naturais da colónia, nomeadamente dos mestiços, designados patrícios, nos Rios de Sena, e dos macuas e suaílis, no litoral da ilha de Moçambique. Esse processo desembocaria no projeto, formulado na colónia e desenvolvido em Lisboa, de naturalizar o regimento de Moçambique, reservando o oficialato para os europeus. Não obstante, os inúmeros obstáculos levantados ao recrutamento local inviabilizariam a constituição de um regimento completamente preenchido com gente da colónia.