
PREVALÊNCIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM CANINOS DA ÁREA URBANA DE MARACANAÚ, CEARÁ, BRASIL
Author(s) -
Lília Aparecida Marques da Silva,
Guilherme Loureiro Werneck,
Natália Santana Paiva,
Iaralyz Fernandes Farias,
Fabiano Borges Figueiredo
Publication year - 2020
Publication title -
archives of veterinary science
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.15
H-Index - 9
eISSN - 2317-6822
pISSN - 1517-784X
DOI - 10.5380/avs.v15i5.77084
Subject(s) - visceral leishmaniasis , biology , leishmaniasis , immunology
A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose que se apresenta como um problema de saúde pública mundial. É causada pelo protozoário do gênero Leishmania e envolve o homem como hospedeiro definitivo e caninos como reservatórios no ambiente urbano. Caninos, quando infectados, são responsáveis pela transmissão que ocorre principalmente através da picada de flebotomíneos do gênero Lutzomyia. A LV é uma doença de caráter endêmico no Brasil, na década de 2000, aproximadamente 48% dos casos ocorreram na região Nordeste. Do total dos 184 municípios cearenses, 16 municípios apresentam transmissão intensa da doença, dentre eles, Maracanaú, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza e o quarto município do estado do Ceará em ocorrência da leishmaniose visceral humana (LVH). Por se tratar de uma área de transmissão intensa para LVH, e no intuito de aprimorar o entendimento da leishmaniose visceral canina (LVC) no município, o objetivo deste estudo foi avaliar a soroprevalência em caninos domiciliados na zona urbana de Maracanaú, Ceará. Estudo seccional por meio de inquérito censitário canino de base populacional para identificação da prevalência de anticorpos para infecção por L. infantum, realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), durante o período de 2013 a 2015. O inquérito envolveu 8.382 caninos em 4.603 domicílios no município de Maracanaú nos bairros: Grande Pajuçara, Jereissati I, Jereissati II, e Timbó. Todos os caninos existentes no domicílio foram testados pelo teste rápido de triagem imunocromatográfico (DPP), sendo que na positividade deste teste seria realizado o teste confirmatório de ensaio imunoenzimático (ELISA). Foram recolhidos e eliminados os caninos sororreagentes ao teste de ELISA, conforme prevê o programa nacional de controle da LV. Dos caninos incluídos neste estudo, 324 (4%) foram positivos no teste DPP e 46 caninos reagentes ao teste ELISA (0,5%). Nos estudos no estado do Ceará com as mesmas técnicas de diagnóstico do presente relato a prevalência foi de 5,7% no ano de 2016. Em Brasília (DF) e Patos (PB) as prevalências foram de 9,19% e 11,33%, respectivamente. A LV é tradicionalmente uma doença de caráter rural, entretanto, tem sido observada nas últimas décadas uma tendência de alteração no seu padrão pelo processo de expansão nas áreas urbanas. Nos anos 1970, Maracanaú sofreu grande transformação quando foi escolhido para sediar o Distrito Industrial de Fortaleza modificando o ambiente através da ocupação das áreas no entorno deste Distrito. Tais modificações ambientais favoreceram a transição epidemiológica da LV do meio rural para o urbano. A prevalência da LV em caninos foi aquém daquela observada em outros estudos similares, podendo ser atribuído, pelo menos parcialmente, as ações governamentais de controle vetorial e diagnóstico e controle da infecção entre caninos.