
INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADO EM UM EQUINO: RELATO DE CASO
Author(s) -
Anny Raissa Carolini Gomes,
Andressa Duarte Lorga,
Jéssica do Rocio Janiszewski,
Lucimara Strugava,
Isabelle Smaniotto Compagi,
Ana Paula Rossa,
Peterson Triches Dornbusch,
Ivan Deconto
Publication year - 2020
Publication title -
archives of veterinary science
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.15
H-Index - 9
eISSN - 2317-6822
pISSN - 1517-784X
DOI - 10.5380/avs.v15i5.76354
Subject(s) - medicine , gynecology
Os organofosforados são antiparasitários utilizados em animais domésticos, dentre os princípios ativos, encontra-se o triclorfon. Estes agentes têm ação anticolinesterásica, e podem causar intoxicação e óbito de forma aguda horas após sua administração. Estes fármacos geram hiperestimulação do sistema parassimpático, e os sinais clínicos manifestados são sialorreia, bradicardia, lacrimejamento, diarréia, fraqueza e tremores musculares (LOPES et al.,2014). Possuem alta toxicidade, existindo relatos de intoxicação por estes agentes na espécie humana e ruminantes, porém não há relatos em equinos.Um equino da raça Brasileiro de Hipismo, macho castrado, 5 anos, 447 kg, deu entrada no Hospital Veterinário com suspeita de intoxicação por organofosforado. O animal recebeu vermífugo oral a base de mebendazol e triclorfon, seguindo a dose recomendada, e horas após a ingestão do medicamento apresentou diarréia, dor abdominal moderada e apatia. Outros cavalos que receberam o antiparasitário demonstraram os mesmos sinais clínicos incluindo sialorréia, e grande parte destes animais vieram a óbito.Ao exame físico inicial o animal apresentou mucosa oral levemente ictérica, freqüência cardíaca (FC) de 36 bpm, freqüência respiratória (FR) 20mpm, temperatura retal de 37,8°C, tempo de preenchimento capilar (TPC) de 2,5 segundos, e hipomotilidade intestinal nos quadrantes superior e inferior direito; exibiu hiporexia, dor abdominal leve a moderada, e apatia. Durante o internamento a motilidade intestinal inicialmente ficou diminuída, tendo episódios de hipermotilidade e cólica. Nos picos de dor o animal apresentava FC acima de 40 bpm, fezes diarréicas, refluxo e febre, com pico de 38,9°C. A mucosa se tornou congesta, o animal apresentou miose, desidratação moderada e sialorréia, havendo melhora gradual com o tratamento.O animal foi submetido à terapia de suporte intensiva, sendo administrado flunixim meglumine 1,1mg/kg/24h, endovenoso (EV) para alívio da dor abdominal por 3 dias; metronidazol EV na dose de 15mg/kg e oral na dose de 25mg/kg por 11 dias e transfaunação a cada 12 horas por 3 dias para resolução da diarreia; gentamicina 6,6mg/kg/24h EV; metoclopramida intramuscular (IM) a cada 4h como procinético usando dose de 10mg para cada 70kg de peso por dois dias; ranitidina endovenosa 1mg/kg/8h por seis dias, omeprazol oral 4m/kg/24h por 21 dias e sucralfato 20mg/kg/12h por cinco dias para tratamento de gastrite possivelmente causada pela hiporexia, estresse pela condição enferma, e pelo tratamento clínico. Para reversão da ação anticolinesterásica e melhora dos sinais clínicos, foi administrado atropina na dose de 0,017mg/kg, sendo aplicado 5ml EV e 10ml subcutâneo (SC) uma vez ao dia por dois dias. As soluções de glicose 5% e ringer com lactato foram escolhidas para fluidoterapia, neste caso, a solução glicosada foi utilizada devido a hiporexia e ao fato de a glicose ser necessária para eliminação de tóxicos pela via hepática.Com a terapia o animal teve recuperação gradativa, recebendo alta após 11 dias de internamento, voltando a atividade física após um mês de repouso, com bom desempenho. Neste caso o tratamento instituído foi capaz de gerar melhora e recuperação clínica total do animal, que posteriormente pôde voltar a suas atividades atléticas.