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Tecendo retalhos contemporâneos: o legado de cangaceiros e fanáticos
Author(s) -
Preciliana Barreto de Morais,
José Batista de Lima,
Helza Ricarte Lanz,
Rosendo Freitas de Amorim,
Pedro Victor Moura Lima,
Antônio Fábio Macedo de Sousa,
Bruna Maria Costa Gomes,
Luany de Queiroz Silva
Publication year - 2021
Publication title -
conjeturas
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1657-5830
DOI - 10.53660/conj-127-218
Subject(s) - humanities , philosophy , art , physics
Os fenômenos do cangaço e do messianismo têm estimulado uma grande quantidade de elaborações intelectuais e interpretações. Nesse panorama de produções é possível verificar algumas tendências que se configuram a partir de obras paradigmáticas. Tal é o caso do livro Cangaceiros e Fanáticos, do jornalista e escritor cearense Rui Facó, que contribuiu decisivamente para a projeção de um padrão de análise acerca dos fenômenos em questão. O presente artigo busca analisar como Rui Facó aborda os movimentos populares apresentados em Cangaceiros e Fanáticos, inserindo o autor e sua obra no panorama mais amplo dos intérpretes do cangaço e da religiosidade popular, tendo em vista as contribuições e os limites de seu pensamento. Nesse contexto, a pesquisa bibliográfica ora empregada buscou evidenciar as interlocuções do autor com outras produções e tendências interpretativas. Em Cangaceiros e fanáticos, Rui Facó desenvolve um intenso diálogo com a perspectiva de análise consagrada por Euclides da Cunha, com a qual compartilha o tom de denúncia e o desapreço às manifestações da religiosidade popular sertaneja. Estas, tais como as investidas dos bandos de cangaceiros, comporiam o quadro de atraso e ignorância característico dos sertões nordestinos do final do século XIX e início do XX. Contudo, a interpretação de Facó, diferentemente do discurso euclidiano, não incorre em determinismos raciais e ambientais para compreender a sociedade sertaneja. O enfoque analítico de Cangaceiros e fanáticos concentra-se nas dinâmicas socioeconômicas que vigoravam na região Nordeste, com especial destaque para a estrutura fundiária, questão basilar na abordagem de Facó.