Espaço, materiais e forma no teatro musical pós-1960: composição e dramaturgia em obras de Mendes, Kagel e Aperghis

O teatro musical pós-1960 integrou as investigações composicionais das vanguardas musicais. Procedeu a uma renovação de perspectivas que abarca sonoridades e técnicas desenvolvidas nos anos 1950 para expandi-las, na direção da exploração de elementos não-sonoros da performance musical. Ao colocar em jogo enção e organização de materiasi elementos de teatralidade, abriu-se a possibilidade de considerar a relação entre composição ? invenção e organização de materiais sonoros ? e dramaturgia, entendida de maneira ampla, como organização de eventos cênicos. Este ensaio discute três aspectos das abordagens composicionais no limiar música/gesto: a situação de performance musical como espaço cênico; a seleção, invenção e organização de materiais como jogo cênico; estrutura (divisibilidade em partes) e forma (conteúdos e suas continuidades) como encenação. A concretização desses aspectos em obras específicas dos três compositores ? Mendes, Kagel e Aperghis ? revela a aproximação entre composição e dramaturgia principalmente por meio da aplicação de critérios e procedimentos composicionais musicais aos materiais cênicos; e da construção e deslizamento de sentidos narrativos na performance musical.