A Criação do imaginário em narrativas de estudantes brasileiros: perspectivas a partir das Olimpíadas de Língua Portuguesa

Em O fictício e o imaginário, Iser parte da distinção entre realidade e ficcional, abrindo espaço para um terceiro elemento - o imaginário.  Para tal, converte-o em experiência do que o autor denomina em um "como se". Por meio de escolhas, o indivíduo seleciona as "chaves" de leitura que utilizará para perceber e receber o texto literário e, deste modo, conceber suas próprias narrativas. Pelo imaginário, o texto se torna algo possível e desenvolve o processo representativo. No presente artigo, a categoria lugar será uma destas “chaves”, partindo das Olimpíadas de Língua Portuguesa (OLP). Durante a realização do concurso, os estudantes participam de um processo pedagógico que se utiliza da Literatura como forma do jovem perceber o “ser” e o “estar no mundo”, partindo de seu lugar (espacial e de fala) no qual se situa para criar narrativas pessoais. Para tal, a OLP tem como tema "O lugar onde vivo", sendo assim, um elemento de seleção é instaurado para o processo criativo que é o espaço vivenciado e experimentado pelo educando. Nesta análise, será utilizado, como base, o poema "As Marias do meu lugar", selecionado e publicizado nas coletâneas de poemas do projeto, ao lado de autores como Carlos Drummond Andrade e Fernando Pessoa, dando um caráter de escrita autoral à produção juvenil. O objetivo não será apenas questionar o processo criativo, mas também trazer o elemento local como potencializador do imaginário ao descrever um espaço fora dos grandes centros ou de capitais – a individualidade de uma pequena cidade do interior do Nordeste brasileiro, seu povo e suas particularidades.