
O Futuro da Publicação Científica
Author(s) -
Adeílton Brandão
Publication year - 2021
Publication title -
anais da academia nacional de medicina
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2763-9878
pISSN - 0104-4885
DOI - 10.52130/0001.3838.anm2021v.192n.especial.p.135-143
Subject(s) - humanities , philosophy , physics
Atualmente, existem mais de 32.000 revistas cientificas, que, juntas, publicam por ano mais de 1.000.000 de artigos em todas as áreas do conhecimento. Isso implica que uma grande quantidade de editores e revisores, além de mais tempo e recursos, serão progressivamente necessários para avaliar adequadamente os resultados científicos apresentados nesses artigos. Até o presente, esse trabalho seletivo de editores e revisores não tem sido suficiente para separar a ciência produzida sob as mais rigorosas práticas daquela feita sem rigor e sem qualidade. Alia-se a isto um outro problema: quem deve pagar a conta da divulgação dos resultados da pesquisa ? Não há, por enquanto, uma resposta direta a esta questão, haja vista as várias opções à disposição de cientistas e seus financia dores. A explicitação dessas questões nos leva a uma outra reflexão mais ampla e de muita incerteza: o que esperar para o futuro da publicação cientifica? Assumindo como ponto de partida algumas tendências do atual ambiente editorial científico, é possível imaginar um cenário para as próximas décadas que inclua inovações nos seguintes temas: a) auto publicação; b) repositórios de “preprint”; c) compartilhamento de dados.; d) revisão por pares aberta, massiva e descentralizada; e) plataforma institucional de publicação. Adicionalmente, pode-se imaginar um outro cenário muito rompedor de padrões no qual uma atividade estritamente conduzida por seres humanos seria substituída por algoritmos: a revisão massiva e descentralizada de artigos científicos. Não há nenhuma garantia de que esses cenários se consolidem, mas apenas uma certeza: o atual ambiente de publicação científica modificar-se-á bastante nos próximos anos em função de avanços tecnológicos e as mudanças sociais, políticas e econômicas que estão acontecendo neste momento. Editores, cientistas, financiadores e respectivas instituições devem desde já incluir estas tendências nas suas agendas de discussão e planejamento.