
De que criança(s) estão falando?: Análise dos memes veiculados no Brasil no período da pandemia do coronavírus
Author(s) -
Juliana Prates Santana,
Larissa dos Santos Fraga,
Leila Mignac Ferrari,
Camila Pinho de Mello
Publication year - 2020
Publication title -
sociedad e infancias
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2695-8996
pISSN - 2531-0720
DOI - 10.5209/soci.69664
Subject(s) - humanities , philosophy
Este texto objetiva analisar os memes veiculados no Brasil no período da pandemia do coronavírus, buscando compreender as imagens sociais de crianças e infâncias evidenciadas neste atual momento. As principais medidas de proteção adotadas, nomeadamente o isolamento social, o fechamento das escolas e creches, e a abertura apenas dos serviços essenciais obrigaram as famílias a um convívio constante em um mesmo ambiente. Como forma de representação da realidade, os memes são rapidamente produzidos e disseminados, com a intenção de serem uma forma de entretenimento divertida e bem humorada. Entretanto, evidenciam ideias pejorativas sobre as crianças e como é tê-las sob os cuidados exclusivos da família. Foram identificados 38 memes em diferentes redes sociais, sendo possível elencar como temas emergentes à violência contra criança, a instituição escola/creche como solução ou depósito das crianças, a sobrecarga materna, o machismo, dentre outros. Verificou-se que os memes retratam uma infância branca, de classe média, cujas experiências acabam por ditar a idealização de uma infância padrão mas que invisibiliza outros modos de vida. As imagens que emergem da análise são: crianças como problema, crianças como sujeitos em desenvolvimento e crianças matáveis. Tais imagens não surgem com a pandemia, mas se potencializam neste contexto. Conclui-se que as crianças são reiteradamente silenciadas, havendo um apagamento da infância enquanto categoria geracional, sendo na pandemia este mais um fenômeno que está sendo compreendido na perspectiva adulta.