Dois enfoques conceituais para a pesquisa científica sobre sistemas locais de sementes

O conhecimento que os agricultores familiares aplicam em suas práticas de conservação, seleção e uso de sementes crioulas é muitas vezes tido pela ciência agrícola institucionalizada como atrasado, embora sejam, ao mesmo tempo, saberes responsáveis pela conservação de recursos genéticos centrais para a garantia da segurança alimentar e desenvolvidos no contexto de sistemas agrícolas mais resilientes aos efeitos das mudanças climáticas. O mesmo conhecimento que pode ser negado em suas credenciais epistêmicas pode ser valorizado enquanto fonte de prospecção de genes de interesse da indústria e de matéria prima para o desenvolvimento de sementes comerciais. A ecologia de saberes de Boaventura de Souza Santos e o pluralismo metodológico de Hugh Lacey são usados comparativamente para se discutir essa contradição. São apresentadas estratégias de pesquisa que permitem investigar a fecundidade do conhecimento tradicional incorporado nas sementes crioulas.