ASSÉDIO E ORGIA (RE)VELADOS NOS ENUNCIADOS CLIVADOS PELO DISCURSO HUMORÍSTICO NO QUADRO TELEVISIVO JOGO DOS PONTINHOS, DE SILVIO SANTOS

Resumo: Este artigo objetiva uma análise de enunciados de Silvio Santos em diálogo com o elenco do Jogo dos Pontinhos, um dos quadros do Programa Silvio Santos. Com base na Análise do Discurso de linha francesa, analisaremos os enunciados que mostram uma exposição feminina que beira o assédio (ou talvez até se configure como assédio) e uma proposta de orgia, que inclui Silvio Santos e a filha, Patrícia Abravanel. Autores como Foucault (1987; 1996; 2002), Sombra (2015) Possenti (2018), entre outros, servirão de base para nossas análises. A questão principal que norteia este trabalho é se há limites discursivos para o humor e para o riso, tendo em vista a expressão subjetiva machista que Silvio Santos imprime em seus enunciados. Como resultados, acreditamos que há um efeito de liberdade enunciativa legitimada pela idade de Silvio, dada pela condição de idoso, também em função do teor humorístico do programa. Concluímos que esse efeito de liberdade e esse humor podem se imbricar e propiciar uma leitura pejorativa, relacionada à exclusão feminina, à inferiorização ao reduzir a mulher ao corpo, um abuso ligado à exploração misógina, capaz de desvalorizar e odiar a mulher ao considera-la apenas pelo viés da beleza padronizada.   Palavras-chave: Silvio Santos. Assédio. Discurso humorístico. Discurso feminista.