
Augusto e o modelo de bonus princeps no De Clementia de Sêneca
Author(s) -
Taynam Santos Luz Bueno
Publication year - 2021
Publication title -
perspectiva filosófica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2357-9986
pISSN - 0104-6454
DOI - 10.51359/2357-9986.2021.249354
Subject(s) - philosophy , humanities
Pretende-se expor, neste artigo, o papel de Augusto como exemplo para Nero, sob a óptica do De Clementia de Sêneca. Enfatizar-se-á, como veremos, o modo peculiar com que o filósofo romano retoma Otaviano. Trata-se, para Sêneca, de trazer à tona a imagem do primeiro imperador enquanto homem em detrimento daquela divinizada, exaltando suas habilidades políticas e seu modo de solucionar problemas práticos em detrimento do exercício de sua clemência que, na concepção do autor romano, não constitui verdadeira virtude, pois está distante dos preceitos morais fundamentados pelo estoicismo. Isto é, Otaviano terá uma ambígua invocação enquanto exemplo pois, se por um lado deverá ser levado em consideração, graças à sua genial capacidade de articulação e resolução de conflitos, enquanto exemplo moral deverá ser tomado com precaução, uma vez que Augusto cedeu às paixões, afastou-se da ratio e, portanto, não se mostrou um governante ideal do ponto de vista da doutrina estoica. Em suma, procura-se evidenciar, neste texto, que Augusto, apesar de sua exemplaridade no negotium romano, não deve ser considerado paradigma da moralidade para Nero, tal qual o sapiens estoico.