Últimos refúgios da onça-parda (Puma concolor) no Brasil: áreas prioritárias para a conservação sob a perspectiva da modelagem de distribuição geográfica

A modelagem de distribuição geográfica de espécies é uma importante ferramenta da biogeografia que atende ações conservacionistas ou permite abordagens teóricas sobre a distribuição das espécies. No presente estudo, modelamos a distribuição geográfica da onça-parda (Puma concolor) no Brasil através de quatro algoritmos (Environmental Distance, GARP, Maximum Entropy, BioClim). Os dados de ocorrência da onça-parda foram obtidos a partir da plataforma speciesLink e mediante revisão de literatura. Foram selecionadas as variáveis bioclimáticas disponíveis na homepage do WorldClim (www.worldclim.com). Ao todo, foram obtidos 280 registros de onça-parda no Brasil. Os modelos gerados indicam que a Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica (ao norte do rio São Francisco) e Pampa representam os biomas com menor adequabilidade ambiental. Em contrapartida, a porção de Mata Atlântica localizada na região sudeste sob influência da Serra do Mar e limítrofe ao Cerrado, representa uma das áreas com maior probabilidade de abrigar populações de Puma concolor. Cerrado e Amazônia também apresentaram média e alta adequabilidade ambiental. Essas informações indicam a necessidade do estabelecimento de novas áreas protegidas onde a probabilidade de ocorrência foi inferior ao esperado. Adicionalmente, medidas que minimizem os impactos da caça e aumentem a conectividade da paisagem devem ser fortalecidas no sentido de assegurar a persistência dessas populações em médio e longo prazo.