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COMO O GÊNERO INFLUENCIA NOS CÁLCULOS E RELAÇÕES EPISTÊMICAS
Author(s) -
Torquato Augusto Viglioni
Publication year - 2022
Publication title -
revista gênero e interdisciplinaridade
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2675-7451
DOI - 10.51249/gei.v2i06.599
Subject(s) - humanities , philosophy
Na obra “Epistemic’s Injustice” de Miranda Fricker são desenvolvidas as ideias de injustiças epistêmicas e virtudes epistêmicas a partir de uma concepção de justiça que pressupõe que o comum são as injustiças e a justiça é a correção daquelas. Assim, o normal seriam as relações epistêmicas injustas e a correção seriam as virtudes. Entretanto ao descrever e conceitualizar as injustiças epistêmicas a autora as diferencia e as separa em injustiças testemunhais e hermenêuticas, apesar de ambas se originarem e se fundarem sobre as relações de poder social. A injustiça testemunhal é conceitualizada como um cálculo epistêmico injusto influenciado por preconceitos identitários derivados do poder social. A injustiça hermenêutica é conceitualizada como uma lacuna estrutural social, isto é, inserido na base social. Ao conceitualizar a virtude epistêmica a filósofa utiliza a ideia de justiça corretora das injustiças, assim, cada virtude é exercida de modo a corrigir e na medida das injustiças que aquelas visam. As injustiças testemunhas seriam corrigidas por ações virtuosas no âmbito testemunhal através do ouvinte virtuoso que seria sensível às relações sociais, ao dever ético e, assim, teria condições de atribuir credibilidade ao falante de modo justo. Entretanto, apesar de defender a dosimetria das virtudes epistêmicas e ressaltar que é preciso uma ação política de grupo para mudança social, a filósofa defende que o papel ético primário de justiça hermenêutica é de mitigar o impacto negativo da injustiça hermenêutica sobre a falante. A partir das concepções da autora que estruturam as injustiças epistêmicas - o poder social - é possível fazer um elo com Silvio Almeida, esse elo permite a construção de uma argumentação sobre como o gênero é um fator que influencia as relações epistêmicas. A partir dessa premissa é possível inferir que a descredibilização ou a credibilização excessiva é utilizada como meio/modo de dominação e perpetuação social.

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