
IMPACTOS DE TRATAMENTOS ONCOLÓGICOS SOBRE A GESTAÇÃO E A FERTILIDADE DA MULHER
Author(s) -
Larissa Gabriela Ezequiel Roza,
Iandra de Freitas Oliveira,
André Luís Canuto,
Gustavo Souzagontijo Garcia
Publication year - 2022
Language(s) - Portuguese
Resource type - Conference proceedings
DOI - 10.51161/conbesp/33
Subject(s) - medicine , gynecology
Introdução: O câncer associado à gravidez corresponde a toda neoplasia diagnosticada durante a gestação ou até 12 meses após o parto, e configura um evento raro. O câncer de colo uterino (CCU) é o tumor que mais se associa com a gravidez, e a quimioterapia é a abordagem terapêutica mais empregada no manejo da doença oncológica. Os agentes platinantes, sobretudo a cisplatina, principal quimioterápico utilizado na abordagem do CCU, possuem características nefrotóxicas e ototóxicas, além de interferir na fertilidade e apresentar potencial teratogênico. A radioterapia está estritamente relacionada com prejuízos à vascularização e consequente aumento da incidência de aborto. Objetivo: Analisar os efeitos adversos de tratamentos oncológicos na gestação e na fertilidade da mulher. Material e métodos: Revisão narrativa da literatura, com buscas nas bases PubMed, SciELO, Cochrane, e Google Scholar, incluindo-se, publicações em português e inglês. Foram excluídos artigos que não se relacionavam com o tema e os publicados há mais de 10 anos, sendo selecionados 7 artigos para o estudo. Resultados: Cerca de 2% dos casos de CCU ocorrem em gestantes, sendo a abordagem quimioterápica voltada para regressão ou estabilização tumoral enquanto se aguarda a viabilidade fetal. A cisplatina é o quimioterápico mais utilizado, visto que menos de um terço da dose atravessa a placenta, sendo associada à vincristina ou paclitaxel mediante doença metastática. A radioterapia propicia falência ovariana transitória ou permanente (de acordo com a dose empregada), interfere na vascularização e no desenvolvimento uterino, favorecendo aborto, perda gestacional de segundo trimestre, parto pré-termo e baixo peso ao nascimento. Radioterapia pélvica em dosagens entre 5 e 10 Gy é tóxica devido à radiossensibilidade ovariana, mas os efeitos sobre o feto dependem da idade gestacional e da dose empregada. Doses inferiores a 10cGy não causam prejuízos ao feto, no entanto, a dose habitual empregada enquanto terapêutica oncológico é de 4.000cGy a 8.000cGy. Conclusão: É relativamente seguro administrar agentes antineoplásicos durante o segundo e o terceiro trimestres de gestação, mas no primeiro, pode ocasionar aborto espontâneo e maior risco de malformações fetais. E além dos possíveis riscos teratogênicos, a fertilidade também pode ser afetada pelos tratamentos oncológicos locais ou sistêmicos.