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Fantasia, pulsão e poesia: para uma crítica ao primado da visão na psicanálise freudiana
Author(s) -
Hugo Ramos Xavier Régis,
Juliano Moreira Lagôas
Publication year - 2021
Publication title -
programa de iniciação científica - pic/uniceub
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2595-4563
DOI - 10.5102/pic.n0.2019.7494
Subject(s) - philosophy , humanities , art
O objetivo geral desta pesquisa foi investigar o estatuto dos conceitos de fantasia e depulsão na teoria e na clínica psicanalíticas, buscando analisar suas bases epistemológicas àluz da crítica promovida por Johann Gottfried Herder ao “primado da visão” no pensamentoocidental, bem como extrair consequências teóricas e clínicas da tentativa, empreendidapela filosofia estética desse autor, de restauração da experiência tátil como dimensãofundante da sensibilidade humana e estruturante dos processos de subjetivação e deconstituição subjetiva. O desenvolvimento desta pesquisa - de natureza qualitativa,documental e bibliográfica - se orientou pela estratégia metodológica do “trabalho doconceito”. Essa estratégia metodológica se caracteriza pela tentativa de compreender umconceito analisando os efeitos de sua relação com a rede conceitual na qual está inserido;estendendo e forçando seus limites de aplicação; e testando sua resistência à variação dascondições de aplicabilidade, bem como a capacidade que ele tem de responder aosproblemas propostos. Ao final da pesquisa, pudemos alcançar os seguintes resultados. Apartir da afirmação freudiana de que a pele não só é a zona erógena por excelência (FREUD,1905/2016, p. 68), como também é a responsável pelo caráter doloroso e cruel da pulsão(FREUD, 1905/2016, p. 68), foi possível analisar a dimensão sádico-masoquista que a pulsãoadquire quando sua fonte é a pele, conseguindo-se, assim, delinear aquilo que seria a pulsãode tocar. Diante desse caráter sádico-masoquista da pulsão parcial de tocar e do créditodado por Freud a um estranho costume segundo o qual é costumeiro o olhar substituir otoque (FREUD, 1905/2017a, p. 141), propusemos uma leitura da série de relaçõesambivalentes entre as pulsões parciais de ver/tocar, pulsões de conservação/sexuais e ossentimentos de ódio/amor, tal como as encontramos em Pulsões e seus destinos (FREUD,1915/2017b), como manifestação deste costume freudiano de substituir o toque pelo olhar.De outra parte, por meio de uma revisão bibliográfica das obras Primeiro bosque crítico(1769/2018) e Plástica (1778/2019), de Herder, pudemos analisar detidamente suaconcepção de poeta, o que, mais adiante, se revelou um caminho fecundo no sentido deinterrogar o primado da visão presente na descrição freudiana do fenômeno datransferência como a atualização de imagos parentais na pessoa do analista. Lançando mãode uma concepção estendida de poeta, Herder leva em conta não só o aspecto visual dofantasiar poético (a imagem, o pintor e a pintura), como também seu aspecto tátil (o corpo,o escultor e a escultura). Assim, foi possível redimensionar os aspectos estéticos da práticapsicanalítica, pensando a transferência também a partir do seu aspecto tátil, da arteescultórica. Evidenciou-se, assim, o potencial criativo da dinâmica transferencial, na qual oanalisando é levado a deslocar-se, a fazer circular o desejo através da associação livre, a darvoltas em torno de suas fantasias fundamentais, como se estivesse diante de uma escultura.

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