
A REPRESENTAÇÃO DOCENTE EM DIÁRIO DE BITITA, DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Author(s) -
Lorena Ribeiro Melo
Publication year - 2020
Publication title -
revista de literatura, história e memória
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1983-1498
pISSN - 1809-5313
DOI - 10.48075/rlhm.v16i28.24772
Subject(s) - humanities , art , philosophy
Este artigo propõe-se a analisar a representação literária da professora em Diário de Bitita (1982), da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. Buscaremos mostrar que a forma como a educadora é representada relaciona-se com o momento histórico em que estava inserida, a Primeira República Brasileira. Do mesmo modo, analisaremos os meandros de resistência simbolizados pela imagem da docente: a possibilidade, ainda que reduzida, de acesso ao mundo dos letrados para quem formava parte do universo da classe negra e pobre e a apropriação do letramento, enquanto forma de ascensão e como divisor social em uma sociedade que tinha uma grande parcela da população analfabeta. Partiremos, inicialmente, da problematização da escrita autobiográfica como viabilidade de representar a profissão de docente e seu contexto sócio-histórico. Por fim, mostraremos que o professor está representado tradicionalmente a partir de práticas pedagógicas conservadoras e autoritárias, que mesmo que limitadoras permitem a aquisição do letramento como forma de resistência ao universo opressor da raça branca.