A BUSCA DE ‘BRASILIDADE’ INACABADA EM DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS POR JORGE AMADO: PARA ALÉM DE MESTIÇAGEM E DUALISMO

Este trabalho tem por objetivo analisar Dona Flor e seus dois maridos (1966) com especial enfoque em relação a mestiçagem. Na obra de Jorge Amado, o povo baiano aparece sob a visão utópica da cidade como se esta fosse um microcosmos do país. Esta ideia da brasilidade do autor baseia-se sobretudo em sua ideia sobre mestiçagem tanto racial quanto cultural. Contudo, a idealização da beleza da “mulata” e da cultura brasileira como um produto de mestiçagem revela a consciência histórica dilemática do autor. Os ensaios de Roberto DaMatta sobre dona Flor como um ser-intermediador ajudam-nos a observar um dualismo na sociedade como uma forma de expressão da brasilidade. A produção cinematográfica do romance, produzida em 1976, com direção de Bruno Barreto, também mostra que, além do dualismo, existe uma janela que alivia os conflitos dos dois valores antagônicos da cultura da cidade/país.  PALAVRAS-CHAVE: Dona Flor, mestiçagem, dualismo, brasilidade