Não reconhecimento e sofrimento psíquico no contexto brasileiro: reflexões a partir da obra de Maria Firmina dos Reis

Este artigo é parte de uma pesquisa ainda em andamento para composição de uma tese de doutorado. A pesquisa tem como objetivo a compreensão da relação entre não reconhecimento e sofrimento psíquico no contexto brasileiro. Seu referencial é composto pela Teoria do reconhecimento de Hegel e suas releituras, bem como suas interfaces com outras escolas filosóficas, com a psicologia social e com a sociologia. Neste artigo, foi realizada uma pesquisa teórica de base compreensiva, que utiliza a obra literária de Maria Firmina do Reis para ilustrar as situações de não reconhecimento, sofrimento e violência, vivenciadas no período de trabalho escravo no Brasil. Cabe ressaltar que a utilização da obra da primeira escritora abolicionista brasileira permitiu a realização de uma reflexão a partir da visão do escravo, possibilitando um contraponto em relação à produção hegemônica que tem como base o referencial europocêntrico acerca dos negros africanos e do regime escravocrata. O estudo permitiu analisar situações extremas de não reconhecimento, que tem como consequência não apenas o sofrimento psíquico, mas também a destituição completa das possibilidades de subjetivação e construção da identidade, o que ainda hoje repercute no contexto social brasileiro.