z-logo
open-access-imgOpen Access
Retórica e política dionisíacas em Acarnenses de Aristófanes
Author(s) -
Luisa Severo Buarque de Holanda
Publication year - 2019
Publication title -
anais de filosofia clássica/anais de filosofia clássica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1982-5323
pISSN - 1981-7606
DOI - 10.47661/afcl.v13i26.23553
Subject(s) - humanities , philosophy , art , physics
Acarnenses é a única comédia de Aristófanes em que uma personagem fala explicitamente em nome do autor. Em geral, é apenas o coro quem desempenha o papel de porta-voz declarado do comediógrafo, nas parábaseis de suas obras. Nessa peça, ao contrário, vemos o protagonista usar a primeira pessoa para referir-se a um evento exterior à trama cômica, e supostamente ocorrido com o autor do texto (o conhecido processo que Cléon teria movido contra Aristófanes). Essa estratégia, por si só, permite à obra apresentar um complexo entrelaçamento de temas: a autodefesa do protagonista Diceópolis, por ter firmado trégua privada com Esparta (que remete, em jogo paratrágico, à autodefesa de Télefo na tragédia euripideana de mesmo nome); a autodefesa que o próprio autor Aristófanes realiza, a fim de refutar as acusações formuladas por Cléon contra ele; a autodefesa da comédia, por comparação com a tragédia. Como se pode notar, trata-se de uma superposição de camadas apologéticas, cuja maior característica são os procedimentos meta-teatrais e meta-retóricos. Neste artigo, pretendo analisar algumas das várias relações entre comédia, retórica e política que o texto de Aristófanes sugere. E pretendo, por fim, extrair de tal análise algumas conclusões a respeito do caráter dionisíaco da 'política' aristofânica.

The content you want is available to Zendy users.

Already have an account? Click here to sign in.
Having issues? You can contact us here