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Por que Lula usou o Mensalão como ferramenta de gestão da coalizão
Author(s) -
Maristela Mendes de Sant’Ana
Publication year - 2020
Publication title -
caderno eletrônico de ciências sociais
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2318-6933
DOI - 10.47456/cadecs.v8i1.33468
Subject(s) - political science , humanities , chemistry , philosophy
Ao assumir a Presidência da República em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva montou e geriu sua base de apoio de forma diferente do que já se mostrara eficaz: na distribuição dos ministérios, desconsiderou a proporção da participação das legendas; no pagamento de emendas orçamentárias, priorizou partidos que não a integravam. Além disso, Lula montou a coalizão com maior número de partidos e mais heterogênea até então. As investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios e o julgamento da Ação Penal 470 evidenciaram que o Mensalão foi usado como ferramenta de governabilidade, em substituição, ao menos parcial, das tradicionais ferramentas do presidencialismo de coalizão. Este artigo explica o porquê desta prática e conclui que, quando Lula assumiu o governo, o PT era um partido híbrido; reunia características policy-seeking e vote-seeking. A parcela vote-seeking, conduzida por José Dirceu, viabilizou a vitória de Lula. Todavia, a esquerda do partido, marcadamente policy-seeking, contava com significativa presença no Parlamento, não podendo ser ignorada na distribuição de cargos. O partido que passara por profundas mudanças e adotara práticas comuns às demais legendas para jogar o jogo eleitoral não se portou da mesma forma ao chegar à Presidência da República. Não quis, ou não conseguiu, jogar o jogo da governabilidade com as ferramentas existentes. Para conseguir governar, mas seguir hegemônico e manter a imagem construída em suas origens, incorporou o Mensalão à caixa de ferramentas de gestão da coalizão.

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