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Ensaios de uma psicologia do trabalho no lazer de aventura
Author(s) -
Marcelo de Campos Guidi
Publication year - 2021
Publication title -
latin american journal of development
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2674-9297
DOI - 10.46814/lajdv3n6-008
Subject(s) - humanities , sociology , philosophy
O mundo do trabalho se altera a cada dia. Ao prever ou rever um caminho profissional alguns sujeitos podem recorrer às aspirações pessoais (re)organizar o rumo de sua carreira. Esse (re)manejamento profissional pode buscar inspirações nas atividades de lazer onde o prazer e a satisfação funcionam como um empuxo significativo à existência. Esta pesquisa caracterizou o percurso profissional de seis sujeitos que optaram por trabalhar com seu lazer preferido: as práticas de aventura na natureza. Este estudo considerou que as escolhas profissionais são mediadas por fatores políticos, econômicos, sociais e pessoais. Na medida em que se consolidam conceitos, valores, oportunidades e interesses o efeito das experiências de aventura podem permitir uma leitura mais crítica da escolha profissional e oferecer um certo recuo ao modelo hegemônico de trabalho. O lazer de aventura, socialmente instalado como contracultura, pode promover uma identidade “radical” através de valores de exploração, desafio e superação, acentuando um elemento heróico (integrativo/disruptivo) presente também na literatura. Todos os entrevistados definiram o trabalho como fonte de sofrimento, obtendo no lazer algo de uma realização pessoal. Ao enfrentar uma possível dissolução dos paradoxos (semi-lazer) o prazer no trabalho foi obtido pela conversação (saber) e pela prática em si. As condições da economia familiar, as oportunidades do mercado, o network e a capacidade de persistir, foram aspectos importantes na inauguração e manutenção desta trajetória profissional. Entre as dificuldades destacam-se o modelo ultrapassado de gestão de políticas públicas ligadas ao ecoturismo no Brasil, a falta de consenso na conceituação e regulamentação das diversas práticas de aventura na natureza, a sazonalidade das modalidades, o elevado custo e durabilidade dos equipamentos e a reduzida valorização dos profissionais da área. Para os entrevistados, as vivências em aventura promoveram um novo significado ao trabalho. Eles cruzaram o “estreito de Gibraltar” laboral, um mar (de desafios) se abre a sua frente. Reunindo elementos de seus antepassados, o “trabalho hercúleo ou sisífico” exigirá mais que suor e tortura; exigirá uma atualização em sua rede de sentidos: um novo Ulisses para uma nova odisséia.

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