
Corpos (im)perfeitos e versões do inferno em chuck palahniuk e john hughes
Author(s) -
André Pereira Feitosa
Publication year - 2021
Publication title -
latin american journal of development
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2674-9297
DOI - 10.46814/lajdv3n3-040
Subject(s) - humanities , art
O romance Condenada: a vida é curta: a morte é eterna (2013), de Chuck Palahniuk, mantém referências explícitas a diversas produções cinematográficas, em especial com o filme O clube dos cinco (1985), de John Hughes. A protagonista de Palahniuk, Madison Spencer, uma adolescente rica, gorda e mimada, encontra-se no inferno, presa em uma cela imunda. Percebendo que está cercada de outras quatro pessoas também condenadas, cada uma com aptidões e características físicas bem distintas (uma líder de torcida, um jogador de futebol americano, um nerd e um punk), Madison decide que o grupo deve explorar o inferno em busca de uma saída; ao invés de aceitar passivamente a danação eterna. Já a narrativa de Hughes apresenta uma metáfora do inferno. Cinco alunos provenientes de realidades diversas estão de castigo e têm como punição passar o sábado presos na biblioteca escrevendo, cada um, o inventário de suas vidas e, de forma semelhante ao grupo de Madison, também buscam uma escapatória desta funesta realidade. Este estudo comparativo entre essas narrativas está apoiado nas teorias do grotesco de Geoffrey Harpham e Margaret Miles que defendem os seguintes recursos pictóricos: caricatura, inversão e hibridização. Sob essa óptica, pode-se inferir que a narrativa de Palahniuk se espelha na versão fílmica de Hughes. Enquanto um enfoca uma representação do inferno, na qual a figura do demônio chefe é desempenhada pelo diretor da escola, o outro apresenta o inferno per se, chefiado por um Satã que, como o diretor da escola, quase nunca está presente.