Concretizar a emancipação: Carlos María Ramírez e os usos da independência uruguaia para a construção da nação no século XIX

O objetivo deste artigo é tratar sobre o uso dos elementos históricos, próprios da independência nacional uruguaia (1811-1828), por parte do escritor Carlos María Ramírez (1848-1898) durante a segunda metade do século XIX naquele país. Nesse sentido, buscamos compreender como este intelectual, mediante tais mobilizações contidas em diversos escritos seus, propôs a estabilidade política ao longo especificamente do último terço do oitocentos. Assim, acreditamos que, ao recorrer, abrangentemente, aos diversos símbolos, eventos e personalidades do processo de emancipação uruguaia, Ramírez buscou defender a pacificação e a união nacionais como forma de se concretizar, simbolicamente, a libertação e a autonomia do país em relação às guerras civis e ao autoritarismo internos, e, também, às intervenções estrangeiras históricas. Desse modo, tais recorrências ao passado foram realizadas em um contexto no qual a nação ainda estava em vias de consolidação, intencionando, assim, concluir um processo histórico e político que, para ele, ainda parecia inacabado.