
Comparação da produção de serapilheira de dois bosques de mangue com diferentes padrões estruturais na península Bragantina, Bragança, Pará
Author(s) -
Andrea do Socorro Costa Farias,
Marcus Emanuel Barroncas Fernandes,
Anneken Reise
Publication year - 2006
Publication title -
boletim do museu paraense emílio goeldi. ciências naturais
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-6237
pISSN - 1981-8114
DOI - 10.46357/bcnaturais.v1i3.728
Subject(s) - forestry , physics , humanities , geography , philosophy
A estimativa da queda de serapilheira no manguezal é um dos aspectos que devem ser considerados para acessar a produtividade deste ecossistema. Assim, o presente trabalho teve como objetivo estimar as taxas de produção total e dos componentes da serapilheira. O trabalho de campo foi desenvolvido ao longo de um ciclo anual, de agosto de 2000 a julho de 2001, em duas áreas de manguezal: um bosque misto (Avicennia germinans, Rhizophora mangle e Laguncularia racemosa) e um bosque anão (A. germinans). Doze cestas coletoras foram aleatoriamente instaladas no bosque misto e seis no bosque anão. O material acumulado nas cestas foi seco em estufa a 70°C e pesado nos diferentes componentes e por espécie. Os resultados mostraram que a produção anual de serapilheira dos bosques misto e anão foi de 4,93 e 1,89 t.ha-1.ano-1, respectivamente, representando uma diferença significativa (ANOVA, F=24,87; gl=23; p<0,01). Considerando a produção total, folha representou 70,57% para o bosque misto e 87,58% para o bosque anão. A análise de regressão linear entre a precipitação e a produção de serapilheira dos dois bosques, ao longo de um ciclo anual, demonstrou que a produção de serapilheira desses bosques é inversamente proporcional aos índices de precipitação local, corroborando outros trabalhos amazônicos. A grande diferença nas taxas de produção de serapilheira deve-se, certamente, ao padrão estrutural dos bosques de mangue. O desenvolvimento estrutural desses bosques é, por outro lado, um resultado das condições ambientais locais. Por fim, o período de produção do componente folha da serapilheira coincidiu com o período de produção do componente flor, sugerindo uma estratégia na qual as plantas de mangue, na mudança do período seco para o chuvoso, perdem as folhas para investir mais energia na produção de partes reprodutivas e, assim, tentarem garantir a dispersão e o estabelecimento de novos indivíduos.