Nos livros só cabem os santos e os deuses

Religiosidade e pós-colonialismo são temas recorrentes na pós-modernidade, já que retomam questões acerca de identidade cultural. Propondo um romance histórico, O outro pé da sereia (2006), o escritor moçambicano Mia Couto faz um retrato imagético, alegórico e também crítico da Moçambique pós-moderna, a partir de questões étnicas, religiosas e identitárias.Mia Couto é um profícuo e renomado escritor moçambicano, de relevo internacional. Antonio Emílio Leite Couto ganhou o nome Mia do irmãozinho que não conseguia dizer Emílio. Nasceu na Beira, a segunda maior cidade de Moçambique, em 1955. Além da Língua Portuguesa, sua língua materna, Couto também é fluente em Ndau e Inglês. Iniciou o curso de Medicina ao mesmo tempo que se enveredou em Jornalismo; foi diretor da Agência de Informação de Moçambique e, mais tarde, graduou-se em Biologia, profissão que exerce até hoje. Mia Couto viveu em meio à frente de libertação do seu país, de 1972 a 1975 (data da independência de Moçambique)