
Convicção e responsabilidade em Max Weber a partir da teoria da irracionalidade da esfera erótica
Author(s) -
Allan Silva Coelho,
Cesar Romero Amaral Vieira
Publication year - 2019
Publication title -
acta scientiarum. human and social sciences
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1807-8656
pISSN - 1679-7361
DOI - 10.4025/actascihumansoc.v41i3.46492
Subject(s) - philosophy , humanities
A racionalização de todas as esferas da vida constitui em Weber um tema que permeia sua análise da sociedade. A grande contradição da modernidade consiste no fato de que suas promessas de emancipação do indivíduo realizam-se no processo de racionalização que tem como consequência não prevista o risco de se transformar em uma nova servidão. O problema da formação de indivíduos autônomos e racionais encontra seu paradoxo na promessa de liberdade frente aos sentidos religiosos e mágicos, mas a partir da submissão a uma nova ‘jaula de ferro’. A oposição entre ética da convicção e ética da responsabilidade tornou-se uma chave de leitura clássica que conduz a teoria weberiana a resignação frente a racionalização. No entanto, o próprio Weber desloca esta compreensão quando percebe que o erotismo e a corporeidade, como outras esferas, possuem espaços de autonomia mesmo se confrontados aos poderes impessoais racionalizantes. Abordar esta chave de leitura, considerando os movimentos contraditórios da razão moderna, permite outra articulação da teoria da irracionalidade da esfera erótica que conduz como resultado a uma inovadora compreensão do paradoxo ético. A partir da revisão bibliográfica e dos estudos dos textos e revisões que Weber propõe no final da década de 1910, argumenta-se que o erótico pode ser considerado como elemento de tensão entre convicção e responsabilidade nas possibilidades de ‘redenção intramundana’. A hipótese é que, a partir das questões da corporeidade e do erotismo, Weber utiliza seu quadro analítico não mais para superar os paradoxos entre convicção e responsabilidade, mas para entendê-los em sua ambiguidade, recolocando em outros termos as conclusões sobre a possibilidade de alguma saída da ‘jaula de ferro’.