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Acumulação primitiva: um processo atuante na sociedade contemporânea
Author(s) -
Sandra Lencioni
Publication year - 2012
Publication title -
confins
Language(s) - French
Resource type - Journals
ISSN - 1958-9212
DOI - 10.4000/confins.7424
Subject(s) - humanities , political science , art
Com a hegemonia da reprodução social capitalista, a acumulação primitiva é interpretada ora como sendo um fato do passado, ora como um processo que perdura até hoje.  Nosso ponto de vista é de que a acumulação primitiva historicamente não desapareceu, sendo, inclusive, um importante componente da sociedade contemporânea. Nela, os processos capitalistas de acumulação primitiva e de reprodução do capital coexistem e se complementam de forma contraditória e dialética. O primeiro, o processo de acumulação primitiva está relacionado à espoliação e à produção de um capital novo, enquanto que o segundo, o de reprodução do capital está relacionado à exploração e tem como ponto de partida um capital já constituído. A diferença entre os termos espoliação e exploração é apresentada, bem como a posição de Harvey sob essa polêmica, se constituindo nas discussões que constituindo a primeira parte do texto. Na segunda parte se discute que a acumulação primitiva dos dias atuais repete a fraude, o roubo e a violência que estiveram presentes no momento da gênese do capitalismo. Embora o mundo pareça ter mudado, com tanto avanço técnico e tantas leis acerca dos direitos humanos, não mudou muito, pois persistem práticas de fraude, roubo e violência como expedientes de produção de capital.  Vários exemplos de rapinagem dos recursos naturais são dados, incluindo-se aí a biopirataria. Também é destacada a escravidão por dívida, como uma forma violenta de espoliação, uma forma de acumulação primitiva de capital em que o trabalhador livre, pelos mecanismos de sujeição ao qual está submetido, perde sua liberdade. O roubo de terras se constitui num outro exemplo de acumulação primitiva dessa sociedade contemporânea. Afirma-se que todas as formas de espoliação são produtoras de dinheiro e produtoras de capital em potencial e que o capital financeiro é que constrói, em especial, o elo entre acumulação primitiva e reprodução do capital na sociedade contemporânea. Dans le contexte d'hégémonie de la reproduction sociale capitaliste, l'accumulation primitive est interprétée soit comme un processus du passé, soit comme un processus qui se fait présent jusqu’aujourd’hui. Notre point de vue est que l'accumulacion primitive historique n'a pas disparu. Au contraire, elle est encore une importante composante de la société contemporaine. En ce cas, les deux processus capitalistes, d'accumulation primitive et de reproduction du capital, coexistent et s’accomplissent de façon contradictoire et dialectique. Le premier processus est attaché à la spoliation et à la production d'un capital nouveau, alors que le second est attaché à l'exploration d’un capital déjà constitué qui, en même temps, fait partie de celui là. La différence entre les deux termes, spoliation et exploration, est examinée dans la première partie du texte, et en considérant la position de Harvey à propos de cette controverse. Dans la deuxième partie on discute l'accumulation primitive qui se manifeste aujourd’hui, comme la fraude, le vol et la violence, tels qu’ils se présentaient lors de la genèse du capitalisme. Bien que le monde ait changé, à cause du progrès technique, et malgré l’existence de lois de protection des droits de l'homme, il y a encore des actions semblables à celles de cette époque là. Ces actions se manifestent vraiment comme expédientes de la production du capital à la façon primitive, à savoir: le vol de terres; la rapine des ressources naturelles y inclus la biopiraterie; l'esclavage pour dette, une forme violente de spoliation où le travailleur libre, par les mécanismes de domination auxquels il est soumis, perd sa liberté. Par conséquent, on propose la thèse suivante : toutes les formes de spoliation sont productrices d'argent et de capital en potentiel et le capital financier, à son tour,  construit particulièrement le lien entre l’accumulation primitive et la reproduction du capital dans la société contemporaine. With the hegemony of the social accumulation reproduction, the primitive accumulation is interpreted sometimes like a fact of the past and sometimes like a process that continues until today. Our point of view is that the historical primitive accumulation has not disappeared, including being one of the important components of contemporary society. In this society, the capitalists processes of primitive accumulation and the reproduction of capital coexist and complement each other in a contradictory and dialectical way. The first, the process of primitive accumulation is related to spoliation and to the production of new capital, while the second, the reproduction of capital is related to the exploration and it is a part of a capital already existing. The difference between the names 'spoliation' and 'exploitation' is confronted and the Harvey's opinion about accumulation by dispossession is discussed in the first part of the text. The second part discusses about the primitive accumulation of today, repeating the fraud, the theft and the violence, that were presents in the moment of the genesis of capitalism. Although the world seems to have changed, with both technical advancement and a variety of laws about human rights, it has not changed that much. Acts of fraud, theft and violence as expedients to generate capital still continues. Several examples of robbery of the natural resources are given, including the bio-piracy. Also, the debt slavery is emphasized as a violent form of spoliation, a form of primitive accumulation of capital in which the free worker, by mechanisms of subjection which he is subjugated, loses his freedom. The theft of land constitutes another example of primitive accumulation of the contemporary society. It is stated that all forms of dispossession are producing money and producing potential capital. Particularly, the financial capital is the one that especially establishes the link between primitive accumulation and reproduction of capital in contemporary society

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